Antes de teclados e mouses se tornarem padrão, os computadores contavam com uma tecnologia engenhosa, mas muitas vezes esquecida: leitores de cartões perfurados. Esses antes indispensáveis “cavalos de batalha de eficiência” agora são relíquias preciosas na história da computação. Este artigo explora o papel fundamental dos equipamentos de cartão perfurado nos primórdios da computação, examinando sua evolução técnica e seu legado duradouro.
O que eram leitores de cartões perfurados?
Os sistemas de cartão perfurado consistiam em dois componentes principais:
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Leitores de cartões:Converteu buracos físicos em cartões em sinais eletrônicos que os computadores poderiam processar, servindo como principal método de entrada para programas e dados.
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Perfuradores de cartão:Criou registros permanentes de resultados do computador fazendo furos em cartões em branco, permitindo o armazenamento e recuperação de dados.
Os primeiros sistemas muitas vezes combinavam essas funções em unidades únicas que se tornaram a interface crítica entre humanos e máquinas.
Evolução Histórica
A tecnologia de cartões perfurados é anterior à computação moderna, com fábricas têxteis do século XIX usando sistemas semelhantes para controlar padrões de tecelagem. A tecnologia encontrou um novo propósito com o surgimento dos computadores:
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Era pioneira (década de 1940):Máquinas de referência como ENIAC e IBM NORC adotaram sistemas de cartões perfurados para cálculos científicos.
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Idade de Ouro (décadas de 1950-70):Os leitores de cartões perfurados tornaram-se onipresentes, servindo tanto como periféricos diretos de computador quanto como ferramentas de conversão de dados offline.
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Avanços Técnicos:Os primeiros sistemas de escovas mecânicas deram lugar aos sensores ópticos, melhorando drasticamente a velocidade e a precisão.
Pontos fortes e limitações
Os sistemas de cartão perfurado ofereciam vantagens exclusivas para a época:
- Atualizações individuais de cartão sem acesso ao computador
- Armazenamento de dados off-line confiável
- Confiabilidade mecânica comprovada
No entanto, existiam restrições significativas:
- Baixa densidade de dados (normalmente 80 caracteres por cartão)
- Fragilidade física (suscetível à umidade e flexão)
- Processamento lento em comparação com tecnologias emergentes
Especificações Técnicas
O desempenho foi medido em Cartões por Minuto (CPM):
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Velocidades de leitura:Variou de 150 a 2.000 CPM (por exemplo, 1.200 CPM = ~20 cartões/segundo = ~1.600 caracteres/segundo)
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Velocidades de perfuração:Normalmente em torno de 300 CPM (~400 caracteres/segundo)
Princípios Operacionais
Surgiram dois métodos de detecção principais:
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Escovas Mecânicas:Circuitos elétricos concluídos através de furos de cartão
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Sensores ópticos:Luz detectada passando por buracos
Os mecanismos de perfuração usavam atuadores mecânicos precisos para criar furos que representavam dados.
Recursos avançados
Modelos sofisticados ofereciam recursos adicionais:
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Interpretação:Texto legível impresso em cartões (velocidade de perfuração reduzida)
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Verificação:Cartões perfurados comparados com dados originais
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Mesclagem de dados:Adicionadas informações aos cartões existentes
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Seleção do empilhador:Classificação automatizada de cartões em vários compartimentos de saída
Modelos notáveis
Os principais fabricantes produziram sistemas distintos:
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CDC:Leitor 405 (1200/1600 CPM), punção 415 (250 CPM)
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Documentação:Leitores da série M (300-1000 CPM)
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IBM:711 (150/250 CPM), 1402 (800 CPM), 2540 (derivado de 1402)
Aplicativos binários
Além da codificação de caracteres, os cartões perfurados armazenavam dados binários:
- IBM 711: Cada linha representava duas palavras de 36 bits
- Formato "Coluna Binária": Três colunas armazenam uma palavra de 36 bits
- Sistemas posteriores como IBM 1130 usaram codificação de coluna única
Artefatos Culturais
A época produziu fenômenos únicos, incluindo "cartões de renda" - cartões de brincadeira com todos os furos possíveis, criando padrões frágeis, semelhantes a teias, que frequentemente emperravam as máquinas.
Legado
Os sistemas de cartões perfurados formaram a conexão vital entre os primeiros computadores e seus usuários. Embora hoje obsoletos, sua influência persiste nos conceitos modernos de representação de dados e serve como um lembrete das origens mecânicas da computação.